São Tomé e Príncipe vai “dar um
salto qualitativo” na
Educação” – Escritor Lúcio Amado

São-Tomé, 26 Jul.2018 (A Voz de
São Tomé) – São Tomé e Príncipe vai “dar um
salto qualitativo” na Educação, disse hoje à
Lusa Lúcio Neto Amado, autor de um livro que
aborda a história da Educação no arquipélago
apresentado na quinta-feira em Lisboa, Portugal.
A obra “História da Educação no
Arquipélago de São Tomé e Príncipe”, que foca o
estado do ensino no arquipélago desde a chegada
dos navegadores portugueses, em 1470, até à
independência, em 1975, nasceu da vontade do
autor em investigar o modo como surgiu o ensino
no território.
Lúcio Neto Amado quis,
designadamente, investigar a relação que existia
entre o que designa como a “Escola do Mato” e a
Escola Primária Oficial, criada durante a
presença colonial portuguesa.
A “Escola do Mato”, em que
lecionavam nativos autodidatas, foi criada como
alternativa, ou mesmo complemento, para quem não
tinha possibilidades de frequentar o ensino
oficial.

“Eu estudei numa Escola do Mato e
estudei também numa escola pública, e eu
consegui ver, de facto as diferenças”, afirmou
Neto Amado, que destacou o poder simbólico da
“Escola do Mato” na comunidade são-tomense,
evidente pelo grande número de dirigentes de São
Tomé e Príncipe que a frequentou.
Atualmente da “Escola do Mato”
restam também dois antigos professores, que,
segundo Neto Amado, são “resquícios do passado”
que ainda hoje ensinam da mesma forma que
anteriormente.
Questionado sobre os desafios que
o atual crescimento populacional do país
representa para o ensino no país, Neto Amado diz
que o desenvolvimento não foi o esperado.

“A evolução não tem sido como nós
desejávamos”, admitiu, referindo que São Tomé e
Príncipe ainda não conseguiu dar resposta a
todos os atuais “constrangimentos”, como a
necessidade de formação dos professores, a falta
de infraestruturas e o elevado número de jovens
no país, que segundo o Fundo de População das
Nações Unidas representam quase metade da
população, estimada em cerca de 200 mil
habitantes.
No entanto, Neto Amado assegura
que, apesar da falta de grandes avanços no setor
da Educação ao longo dos 43 anos de
independência, São Tomé e Príncipe encontra-se
no “bom caminho”, procurando paulatinamente
responder aos desafios, garantindo que o país
“vai dar um salto qualitativo” nos próximos
anos.

“A minha grande satisfação é nós
passarmos hoje nas ruas de São Tomé e do
Príncipe, nos sítios mais recônditos, e ver uma
mão cheia de crianças a ir para a escola,
sobretudo meninas, uma coisa que até 1975 não
acontecia”, destacou.
Nascido na ilha de São Tomé e
licenciado em Educação Física e Desporto e em
Sociologia, Lúcio Neto Amado publicou também o
livro “Manifestações Culturais São-tomenses”, de
2014.
Fim / VST / STP-Press / Lusa