Grande Festival
Izaquente de Açúcar em Santa
Cruz de Buzina

São Tomé, 27 Set.2018 (A Voz de
São Tomé) - Terminou os 135 anos do Festival de
Izaquente de açúcar este fim-de-semana na Festa
de Santa Cruz de Buzina em Bugué, capitaneada
pela sucessora Grinaldina Afonso Freitas “
DINA”, que apresentou detalhadamente o ritual do
seu avô nesta cerimónia tradicional que envolveu
muitos aderentes da cidade capital.
O festival começou na sexta-feira as 18 horas
com o acender das velas na capelinha no local do
evento pela presidente senhora DINA, e em
seguida os moradores e membros do festival
começaram a recolha das sete panelas de
izaquente nas residências dos juízes da festa
com dança especial do anguelé, onde depois de
ser cozido a comida; o panelão é levantado do
fogo a lenha pela comissão dos festejos e
levados para o quintal da festa. Uma de cada vez
até concluir a recolha com grande grupo munidos
de crianças com ramo de folhas nas mãos como
incentivo para dançar essa tradição a moda
exclusiva dos moradores da zona de Bugué, num
bairro populoso encravado entre a Monta-Alvão e
Riba Mato na vizinhança com cachoeira em cima da
Vila de Bombom.

Como agora são geralmente sete
panelas, a sexta panela é depositada na
capelinha até o amanhecer submetida à luz das
velas e as orações pelo grupo do senhor Chico. E
a sétima panela que é colocada sobre a mesa
junto as outras mas, ela como a ultima tem que
dar três voltas a capelinha para depois ser
erguida para acima da referida mesa e será ela a
primeira a ser aberta depois de uma bênção e
oração de um chefe Estudante.
A primeira marmita ou panelinha são enchidas com
duas ou três conchas de izaquente para, os
próximos juízes que receberam a festa e só
depois que começa o Festival de Izaquente, com a
distribuição das seis panelas grandes,
consagrado o anonimo desde que apresentem a sua
tamina entre crianças, jovens e adultos ao fiel
da bancada que fica em frente de cada panela com
uma concha, que vem acompanhada com a respetiva
panela da casa do juiz festeiro.

Depois de terminar o festival de
izaquente, é tudo recolhido e passa-se em
seguida a se estendeu a toalha de mesa para
porem o prato típico de São Tomé e Príncipe a
saber:
Banana prata, peixe salgado com o azeite de
palma original para os presentes e em especial
os convidados e regados com o vinho de palma.
Despois de serem saciados, começou o segundo
ritual que se tratou em cima da mesma mesa,
puseram uma grande gamela com banana prata
cozida esmagada a mão com a presidente da festa
senhora DINA, o senhor Estudante e o mestre da
dança ”Anguelé”, para depois despejarem o molho
de peixe salgado e misturar todo.
O mestre fez primeiro uma volta a mesa
espalhando vinho no chão e começaram a
levantarem e abaixar a gamela, deram ordem para
se comer metade rapidamente a mão e em seguida
com cântico tradicional fizeram também três
voltas a mesa com danças e batuque e a gamela
sempre a frente e assegurada por diversas
pessoas e membros das famílias, Viegas d’Abreu e
Freitas que são os verdadeiros donos e herdeiros
desta Festa de Santa Cruz de Buzina em Bugué.
Depois de ser ter apostado na recolha de
izaquente, a sua distribuição como o cozido de
banana, a referida gamela da banana cozida com o
molho de peixe salgado é todo ela consumida
pelos participantes, familiares, juízes e
vizinhos da sede desta festa que fez os seus 135
anos da sua existência, passou ao terceiro
ritual.
Onde foi colocado uma mesa pequena atrás da
capelinha com diversos pratos típicos tais como:
o calulu, soô, pirão, fuba, entre outras comidas
mas; todas elas cozidas em panelas pequeninas,
foram repartidos pelos pratos em cima da mesa,
pela senhora DINA presidente da festa e em
seguida ela foi arrancado uma manga de uma folha
que esteve ao lado das velas atrás, como também
a famosa gamela que deu abertura para o terceiro
passo tradicional. As mesmas comidas que foram
postas dentro dos pratos na tal mesa, foram
também expostas nas folhas separadas para os
antepassados, em baixo da mesma mesa no poste de
igualdade. Em cima para os vivos comerem
imediatamente e em baixo para os espíritos a
fome anual.

Depois da presidente da festa
tirar o seu bocado, a mesa foi logo invadida num
apanha quem poder segundo a lei de facilidade
desde dos pratos até as panelinhas.
As 23 horas foi a chegada do Grupo de Jambi da
Vila de Conde, que aqueceu a festa com um
batuque estrondoso de boas vindas ao Festival de
Izaquente 2018. Para mais tarde darem o início
do Jambi na grota de Peté-peté com as luzes de
telemóvel e candeeiro de azeite.
A partir da meia-noite saíram desta grota para o
quintal da festa em cortejo com a maioria jovem
saltando, gritando e dançando o original de
Anguelé. O Jambi de Conde rufou os tambores até
as seis horas. No sábado de manhã foi depositada
a imagem de Santa Cruz de Buzina na Igreja da
Nossa Senhora de Fátima no Bombom, para depois
ser recuperada a tarde.

Anualmente esta festa intercala
os grupos culturais entre o Danço de Congo e o
Tchiloli. Esta comunidade do bairro de Bugué é
uma componente familiar concentrada num arredor
histórico, porque é vocacionado e bem
profissional na produção da farinha de mandioca,
desde longos anos e no ano passado produziram
sete toneladas de farinha.
A presidência desta festa de Santa Cruz de
Buzina não tem limite, depende da idade e até
onde se pode chegar e a sua sucessão é sempre a
seguir segundo a idade maternal ou paternal,
como exemplo a senhora Laudacia Viegas d’Abreu “
LAÚ” tem agora 90 anos e deixou a presidência
para sua irmã Grinaldina Afonso Freitas “ DINA”,
que caso a morte não venha assobiar e se o Anjo
da guarda estiver a porta do inferno, ela tem
muito ainda para oferecer no quadro da geração
das irmãs que está mostrando o lenço branco da
partida; para ter-se que começarem a presidência
com a geração dos primos.
RR
Fim / VST