São Tomé e Príncipe Recorda a
Morte de Geovani e Paulo Ferreira

São Tomé, 5 Set. 2018. ( A Voz de
São Tomé) - Faz precisamente hoje 44 anos que o
Estivador «Geovani» de Boa Morte, conheceu a
morte no Campo de Futebol do Riboque às 12h30
debaixo de um sol ardente, através de uma bala
medrosa da Policia Militar-PM.
Em causa, estava o vandalismo
total e completo da invasão das lojas dos
brancos portugueses no dia 4 de Setembro, que
foram acusados pela população de misturarem o
adubo com o sal e o açúcar e provocou uma grande
revolta e mau estar na cidade capital.
Depois de uma incentivação do um
rapaz frente as mais diversas lamentações sobre
a dita mistura que pretendia matar os
santomenses, um grupo dos revoltosos entraram
nas lojas de Roque, João Coimbra, Reis e Filhos,
Ribeirinhos, Francisco Cabral, Pereira Duarte,
Casa Correia, Produal, que tiraram todo açúcar,
Sal, Fósforo que são produtos que não havia no
mercado em 1974.
E por último os revoltosos ao
saírem da loja Produal, entraram na loja do
Custodio Marques Sousa, hoje é represente da
Toyota em São Tomé. Carregaram todas as armas e
munições que haviam no armazém e levaram para
dentro do Palácio apresentar ao Governador Pires
Veloso. Porque os mesmos não tinham conhecimento
de que a referida loja era representante de
venda de armas.
No dia 5 de Setembro, pela 9
horas, Alda Graça, Tomé Costa e senhor Nazaré
motorista de praça, foram para a CST telefonarem
para o Secretário-Geral do MLSTP, Pinto da
Costa, para darem ao conhecer da invasão
voluntaria nas lojas.
Como PM andavam sempre a volta da
CST, o Tomé Costa preferiu convocar a população
presente para se dirigirem para Associação
Cívica no alto do Riboque, para poderem saber a
opinião do Pinto da Costa a partir de
Libreville.

Entretanto, o grupo do revoltoso
decidiu no dia 5 de Setembro pela manhã
dividir-se em dois: o primeiro grupo capitaneado
pelo MPLA, subiram para a roça Milagrosa para
desarrumar o Administrador desta empresa. E
assim foi com sucesso mas, a trazê-lo para
cidade o branco fez tombar o camião na ponte de
Bôbô-Forro.
O segundo grupo foi capitaneado
pelo senhor Aníbal que trabalhava na Obras
Públicas e foi para a casa do senhor Aurélio
construtor no Lucumy para tomar a força as
chaves de Obras Públicas. O seu filho Armando de
Pereira Duarte, a chegar a casa viu meio mundo
na sua porta, voltou e foi chamar logo a PM para
ajudar seu pai. Com a vinda da Policia Militar
afugentou todos e expulsou-lhes até a estrada
frente ao Campo do Riboque. E a má sorte de PM,
o grupo curioso que saiu da CST a correr atrás
do carro do senhor Nazaré para Associação
Cívica, veio engrossar os que saíram do Lucumy e
pararam para saberem o que se passava.
O senhor Geovani, que tinha
acabado de chegar das Alfândegas, não viu o seu
neto em casa e foi ao seu encontro. No Riboque,
em vez dele pegar a estrada oficial; preferiu
fazer corta-mato e desceu para o campo do
Riboque para chegar mais cedo no meio da
confusão.
No centro do Campo, Giovani
acabou de ser atingido por uma bala de G3 da PM
que andaram a disparar cheio de medo para tentar
dispersar o grosso da população presente.
Os militares santomenses
estiveram no local mas, não tinham munição senão
só o sargento e jornalista, Pedro Lima da Rocha.
Com a morte de Giovani, os militares levaram
ódio e rancor para dentro do Quartel de Morro em
busca de munição para desafiar a Policia
Militar, e pôr fim ao vandalismo existente.
Então depois de conseguirem a luz verde do
Comandante português, Ricardo Durão, os
militares da Companhia Caçador Sete-CCS,
avançaram para todas as empresas agrícolas as
cidades e vilas para o controlo da situação
lamentável. E de madrugada de 6 de Setembro,
depois de muito cansaço e sono numa curva no
caminho de Neves, o soldado Paulo Ferreira foi
cuspido do Unimogue para chão e lá ficou para a
história de São Tomé e Príncipe, com duas mortes
no espaço de 14 horas, resultante de busca das
chaves das Obras Públicas na mão do Aurélio que
construiu o Centro Cultural Português.
RR
Fim/VST