Biografia do Professor João Um
Ilustre Esquecido
do Distrito de LOBATA

São Tomé, 21 Set.2018 (A Voz de
São Tomé) -
Para as
Autoridades ligadas ao sector de educação e
cultura de São Tomé e Príncipe, não se esqueçam
nunca que existiu um grande Senhor chamado
Dionísio Simão e que deu uma grande e valiosa
contribuição na formação de muitos jovens do seu
tempo; cerca de 20 anos.
DIONÍSIO SIMÃO, era conhecido por Professor João
de Guadalupe.
Nasceu a 5 de abril de 1922, na Freguesia de
Guadalupe- Ilha de São Tomé, tendo falecido em
14 de fevereiro de 1987, sendo filho único de
Simoa Soares Neto.
Durante cerca de 2 décadas, foi professor
primário da Escola da Missão Católica de
Guadalupe. Era única escola na Vila com
reconhecimento oficial e lecionava alunos de
Guadalupe, Conde e roças circunvizinhas.
Em 1952, foi transferido, sem conhecer a causa,
para a Escola da Missão Católica da Paróquia de
Santo António do Príncipe, onde lecionou apenas
um ano letivo- 1952/1953. Mais tarde, veio-se a
saber que o padre da Paróquia de Guadalupe, Abel
Pereira, sabendo que ele era um dos visados no
massacre que viria a acontecer em fevereiro de
1953, como medida cautelar o transferiu para
aquela Ilha.
Durante a sua estada na Ilha do Príncipe,
conheceu Adóstia Xavier Fernandes da Silva,
filha de Fernando Fernandes da Silva (irmão do
escritor Marcelo da Veiga) e de Lourença da
Cunha Taborda, onde vieram a casar em dezembro
de 1952. Como resultado desse casamento, tiveram
6 filhos: Fernando da Silva Simão, Simoa
Filomena da Silva Simão, Rosa Maria da Silva
Simão, Ricardina Lourença da Silva Simão, Maria
do Rosário da Silva Simão e João Paulo da Silva
Simão, todos nascidos em São Tomé.
Em 9 de setembro de 1953, regressa a Ilha de São
Tomé e retoma a sua tarefa de professor na
Escola Católica de Guadalupe. Paralelamente a
função de professorado, desempenhava igualmente
as tarefas ligadas a registo civil, emissão de
varias licenças das quais de realização de
festas, enterramento, etc. na Delegação da
Administração do Concelho em Guadalupe.
Era também um dos dirigentes do Clube Desportivo
de Guadalupe. Foi na sua administração, na
primeira metade dos anos sessenta, que se
construiu o primeiro Campo de futebol da Vila de
Guadalupe. Naquela altura foi o primeiro ano da
participação da equipa de futebol num Campeonato
Nacional.
A função de professor primário, sua participação
como responsável da Delegação de Administração
do Concelho em Guadalupe, sua dedicação ao Clube
Desportivo de Guadalupe, conferiu-lhe o estatuto
de Líder Comunitário. Nesta qualidade, fora
contactado diversas vezes para representar a
Vila nas cerimónias de inaugurações, visita de
altas individualidades, muitas vezes proferindo
discursos. Aproveitava esses discursos para
fazer algumas reivindicações de caracter social.
Tinha sempre uma palavra nas grandes decisões a
tomar em benefício da Vila, na qual tinha uma
grande paixão e dedicação.
Com a construção e inaugurações da escola
pública em Guadalupe, a escola da Missão
Católica perdeu a relevância e teve que encerrar
as portas. O professor João passou a trabalhar a
tempo inteiro como responsável da Delegação de
Administração do Concelho em Guadalupe e mais
tarde com a extinção desta, nas novas delegações
dos Registo Civil e Câmara Municipal que
funcionava no mesmo local.
Em 1963 foi preso pela PIDE/DGS, alegadamente
por ter recebido para distribuição, materiais de
propagada provenientes de Fernando Pó, antiga
colonia espanhola (atual Guiné Equatorial). Tudo
porque o Professor João era genro de Fernando
Fernandes da Silva, radicado naquela colónia,
cujas autoridades coloniais desconfiavam fazer
parte do grupo de nacionalistas que lutavam para
a libertação de São Tomé e Príncipe. A PIDE/DGS
associou também o facto de ele por vezes enviar
umas cartas incómodas aos administradores das
Roças, a reivindicar alguns exageros cometidos
aos trabalhadores. O interrogatório durou vários
dias.
A partir de 25 de Abril de 1974, participou
ativamente na luta reivindicativa para a
conquista da Independência Nacional de São Tomé
e Príncipe ao lado dos compatriotas da
Associação Cívica pó- MLSTP.
Veio a falecer por doença prolongada, em
Guadalupe, local onde nasceu, viveu e dedicou
toda a sua vida, aos 64 anos.
Setembro/2018.
Fernando Simão
Fim / VST